Fonte: Uai
De maio de 2014 até o mês passado, foram liberados R$ 528,2 milhões para duplicação da BR-381 sem que a obra avançasse. Promessa de entrega do trecho em Minas em 2016 não se concretizou.
A duplicação da BR-381 ultrapassou em junho a marca de meio bilhão de reais em
investimentos públicos. De maio de 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff
assinou a ordem de serviço da obra, até o mês passado foram desembolsados R$
528,2 milhões com a obra viária mais importante de Minas
O
valor seria motivo de comemoração não fosse um detalhe que chama a atenção:
três anos após as máquinas começarem a trabalhar, nenhum metro de asfalto foi
entregue aos usuários da rodovia.
Segundo informações do Ministério dos Transportes – obtidas
por meio da Lei de Acesso à Informação – o montante gasto com a execução das
obras até agora foi de R$ 474,7 milhões, além de R$ 17,5 milhões gastos na
gestão ambiental do empreendimento, R$ 17,4 milhões no gerenciamento e mais R$
17,6 milhões na fiscalização das obras.
O valor total informado pelo ministério, que ultrapassou
meio bilhão de reais, não inclui os gastos com desapropriações e
reassentamentos de moradores das margens da rodovia.
De acordo com os editais lançados em 2014, em evento que
reuniu em palanque centenas de ministros, deputados e prefeitos da região em
Ipatinga, no Vale do Aço, pelo menos cinco trechos da Rodovia da Morte – dos
oito trechos em que a obra nos 303 quilômetros entre a capital mineira e
Governador Valadares foi dividida – já estariam entregues duplicados aos
motoristas e passageiros.
Os trabalhos começaram a todo vapor em 2014, quando foram
montados os canteiros de obras e espalhadas faixas anunciando a duplicação ao
longo da rodovia.
“Os projetos estão todos aprovados pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e as empresas estão mobilizadas”,
afirmou o então ministro dos Transportes César Borges, que prometeu inaugurar
os primeiros trechos em 24 meses. “Eu vou olhar também o ritmo dessas obras
junto às empresas responsáveis”, prometeu Dilma.
De volta a estaca zero
Apenas em dois lotes as obras estão em andamento atualmente.
Nos editais dos lotes 1 e 2, entre Governador Valadares e Jaguaraçu, o prazo
determinado às empreiteiras para conclusão das obras era o segundo semestre de
2016.
Passado mais de um ano, as obras nos dois lotes voltaram à
estaca zero e um novo edital para estudos técnicos será relançado em setembro.
A mesma situação se observa em outros quatro lotes, que não têm previsão para
início das obras.
As desapropriações às margens da BR também esbarram nas
indefinições e falta de planejamento e de verbas. No final de 2014, os órgãos
federais começaram um mapeamento das habitações próximas da pista e a previsão
era que as desapropriações necessárias para a duplicação fossem feitas até este
ano. No entanto, os moradores não têm mais notícia sobre os próximos passos da
obra.
"No início de 2015, o pessoal do Dnit e da Justiça esteve
aqui no bairro. Fizeram fotos das casas e nos avisaram que ainda naquele ano as
desapropriações começariam. Mediram tudo e avisaram a gente para não construir
mais nada, que tudo seria derrubado em breve e a rodovia passaria bem no meio
do bairro. Desde então, não voltaram. Acho que desistiram dessa obra”,
conta Severino Roberto Ferreira, que mora no Bairro Bom Destino, em Santa
Luzia, há mais de 30 anos.
Próximo ao Anel Rodoviário de BH, em trecho que deve ser
desapropriado para a obra de duplicação, os moradores de bairros vizinhos à
Rodovia da Morte já não contam mais com o seguimento da obra.
“Acho que neste lote, mais próximo de Belo Horizonte (lote
8), não deve ter obra tão cedo. Foi feito um projeto há alguns anos, quando a
obra começou, mas ele foi cancelado e não tem previsão para refazê-lo porque o
governo não tem mais dinheiro. Quem sabe daqui a 15 ou 20 anos”, diz Márcio
Antônio Moreira, presidente da Associação dos Moradores do Bairro Borges.
1ª Liberação até Dezembro
O trecho mais avançado da obra de duplicação está entre os
municípios de Caeté e Itabira (lote 7). A previsão inicial para a conclusão da
via nesse trecho era para este mês, mas, até agora, nenhum metro de asfalto
ficou pronto.
No final do mês passado, após liberação de uma licença
ambiental para o funcionamento de uma das usinas de concretagem, a pavimentação
de trechos que foram terraplanados e a construção de um viaduto de 600 metros
na altura em Roças Novas voltaram ao ritmo normal.
Em abril, o superintendente do Dnit em Minas, Fabiano Cunha,
anunciou em reunião com comerciantes em João Monlevade que pretende entregar os
primeiros trechos ainda este ano.
“Estamos verificando a liberação de 13 quilômetros de pista
nova entre os trevos de Itabira e Barão de Cocais”, informou o superintendente.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a previsão de entregar os primeiros
trechos até o final do ano está mantida.
Desde março, empresários e parlamentares mineiros aumentaram
a pressão para que a obra não sofresse com mais paralisações.
Como alguns túneis e trechos terraplanados foram finalizados
em 2015 sem que fossem feitas ligações com a rodovia, a preocupação era que
parte das obras já entregues ficassem abandonadas ao longo da estrada e
desperdiçassem milhões dos cofres públicos.
Com os R$ 340 milhões incluídos no orçamento
deste ano, a expectativa é de que pelo menos os serviços já feitos não sejam
perdidos.
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